"O primeiro beijo é uma coisa muito falada. Sem dúvida é uma experiência muito marcante, inesquecível. O primeiro beijo é uma maturação, uma descoberta. Ao mesmo tempo, para alguns, ele pode ser um monstro assustador", diz o cineasta Esmir Filho, diretor de "Saliva". O filme conta como Marina, uma garota de 12 anos, é pressionada a dar o seu primeiro beijo no experiente Gustavo.
Folhateen
TINHA ACABADO de ler a matéria sobre o primeiro beijo, no pequeno apartamento em que morava desde que ficara viúvo, anos antes, quando (coincidência impressionante, concluiria depois) o telefone tocou. Era uma mulher, de voz fraca e rouca, que ele de início não identificou:
- Aqui fala a Marília - disse a voz. Deus, a Marília! A sua primeira namorada, a garota que ele beijara (o primeiro beijo de sua vida) décadas antes! De imediato recordou a garota simpática, sorridente, com quem passeava de mãos dadas. Nunca mais a vira, ainda que freqüentemente a recordasse -e agora, ela lhe ligava. Como que adivinhando o pensamento dele, ela explicou: - Estou no hospital, Sérgio. Com uma doença grave... E queria ver você. Pode ser? - Claro -apressou-se ele a dizer- eu vou aí agora mesmo. Anotou rapidamente o endereço, vestiu o casaco, saiu, tomou um táxi. No caminho foi evocando aquele namoro, que infelizmente não durara muito tempo -o pai dela, militar, havia sido transferido para o Norte, com o que perdido o contato -mas que o marcara profundamente. Nunca a esquecera, ainda que depois tivesse beijado várias outras moças, uma das quais se tornara a sua companheira de toda a vida, mãe de seus três filhos, avó de seus cinco netos. E não a esquecera por causa daquele primeiro beijo, tão desajeitado quanto ardente.
Chegando ao hospital foi direto ao quarto. Bateu; uma moça abriu-lhe a porta, e era igual à Marília: sua filha. Ele entrou e ali estava ela, sua primeira namorada. Quase não a reconheceu. Envelhecida, devastada pela doença, ela mal lembrava a garota sorridente que ele conhecera. Consternado, aproximou-se, sentou-se junto ao leito. A filha disse que os deixaria a sós: precisava falar com o médico.
Olharam-se, Sérgio e Marília, ele com lágrimas correndo pelo rosto. - Você sabe por que chamei você aqui? -perguntou ela, com esforço. - Porque nunca esqueci você, Sérgio. E nunca esqueci o nosso primeiro beijo, lembra? Na porta da minha casa, depois do cinema... - Claro que lembro, Marília. Eu também nunca esqueci você... - Pois eu queria, Sérgio... Eu queria muito... Que você me beijasse de novo. Você sabe, os médicos não me deram muito tempo... E eu queria levar comigo esta recordação...
Ele levantou-se, aproximou-se dela, beijou os lábios fanados. E aí, como por milagre, o tempo voltou atrás e de repente eles eram os jovenzinhos de décadas antes, beijando-se à porta da casa dela. Mas a emoção era demais para ele: pediu desculpas, tinha de ir. A filha, parada à porta do quarto, agradeceu-lhe: você fez um grande bem à minha mãe. E acrescentou esperançosa: - Acho que ela agora vai melhorar. Não melhorou. Na semana seguinte, Sérgio viu no jornal o convite para o enterro. Mas, ao contrário do que poderia esperar, apenas sorriu. Tinha descoberto que o primeiro beijo dura para sempre. Ou pelo menos assim queria acreditar.
Produção de texto
Você se lembra de seu primeiro beijo? Ou ele ainda não aconteceu? Se aconteceu, escreva um relato bem criativo contando como foi. Se não, use a imaginação e conte como você gostaria que fosse.
Ser goiano é carregar uma tristeza
telúrica num coração aberto de sorrisos. É ser dócil e falante, impetuoso e
tímido. É dar uma galinha para não entrar na briga e um nelore para sair dela.
É amar o passado, a história, as tradições, sem desprezar o moderno. É ter
latifúndio e viver simplório, comer pequi, guariroba, galinhada e feijoada, e
não estar nem aí para os pratos de fora.
Ser goiano é saber perder um pedaço de
terras para Minas, mas não perder o direito de dizer também uai, este negócio,
este trem, quando as palavras se atropelam no caminho da imaginação.
O goiano da gema vive na cidade com um
carro-de-boi cantando na memória. Acredita na panela cheia, mesmo quando a
refeição se resume em abobrinha e quiabo. Lê poemas de Cora Coralina e sente-se
na eterna juventude.
Ser goiano é saber cantar música caipira
e conversar com Beethoven, Chopin, Tchaikovsky e Carlos Gomes. É acreditar no
sertão como um ser tão próximo, tão dentro da alma. É carregar um eterno
monjolo no coração e ouvir um berrante tocando longe, bem perto do sentimento
Ser goiano é possuir um roçado e sentir-se um
plantador de soja, tal o amor à terra que lhe acaricia os pés. É dar tapinha
nas costas do amigo, mesmo quando esse amigo já lhe passou uma rasteira.
O goiano de pé-rachado não despreza uma pamonhada e teima em dizer ei, trem
bão, ao ver a felicidade passar na janela, e exclama viche, quando se assusta
com a presença dela.
Ser goiano é botar os pés uma botina ringideira e
dirigir tratores pelas ruas da cidade. É beber caipirinha no tira-gosto da
tarde, com a cerveja na eterna saideira. É fabricar rapadura, ter um passo
preto nos olhos e um santo por devoção.
O goiano histórico sabe que o Araguaia não passa de
um "corgo", tal a familiaridade com os rios. Vive em palacetes e se
exila nos botecos da esquina. Chupa jabuticaba, come bolo de arroz e toma licor
de jenipapo. É machista, mas deixa que a mulher tome conta da casa.
O bom goiano aceita a divisão do Estado, por entender que a alma goiana
permanece eterna na saga do Tocantins.
Ser goiano é saber fundar cidades. É pisar no Universo sem tirar os pés deste
chão parado. É cultivar a goianidade como herança maior. É ser justo, honesto,
religioso e amante da liberdade.
Brasilia em terras goianas é gesto de doação, é patriotismo. Simboliza poder.
Mas o goiano não sai por aí contando vantagem.
Ser goiano é olhar para a lua e sonhar, pensar que é queijo e continuar
sonhando, pois entre o queijo e o beijo, a solução goiana é uma rima.
(TELES, José Mendonça. Crônicas de Goiânia.
Goiânia: Kelps, 1998)
José Mendonça Teles nasceu em Hidrolândia, GO,
no dia 25 de março de 1936. Filho de João Alves Teles e Celuta Mendonça Teles.
Bacharel em Direito pela Universidade Católica de Goiás, onde lecionou durante
33 anos, recebendo, em 2003 o título de Doutor Honoris Causa.
Presidente do Instituto
Histórico e Geográfico de Goiás durante 12 anos e presidente da Academia Goiana
de Letras por 10 anos, ex-secretário de Cultura de Goiânia e ex-presidente do
Conselho Estadual de Cultura de Goiás, é historiador, poeta, contista,
cronista, ensaísta, dicionarista e jornalista, e autor de 33 livros
relacionados com a cultura goiana, entre eles Vida e Obra de Silva e Souza,
A Imprensa Matutina, General Curado - Estudo Biográfico, A Cidade
do Ócio e Dicionário do Escritor Goiano. Coordenou vários projetos
culturais goianos, entre eles o projeto resgate, idealizado pelo Ministério da
Cultura, que trouxe para Goiás, micro-filmados, documentos goianos existentes
no Arquivo Ultramarino de Lisboa, no período de 1731 a 1822. Pertence a várias
instituições culturais do país, com várias condecorações e medalhas, entre elas
a Medalha João Ribeiro, da Academia Brasileira de Letras. É autor da letra do
Hino Oficial de Goiás.
01. A voz passiva deve ser evitada.
02. Anule aliterações altamente abusivas.
03. Analogias na escrita são tão úteis quanto chifres numa galinha.
04. Conforme recomenda a A.G.O.P., nunca use siglas desconhecidas.
05. Cuidado com a hortografia, para não estrupar a língúa portuguêza.
06. Deve evitar ao máx. a utiliz. de abrev., etc.
07. É desnecessário fazer-se empregar de um estilo de escrita demasiadamente rebuscado. Tal prática advém de esmero excessivo que raia o exibicionismo narcisístico.
08. Evite lugares-comuns como o diabo foge da cruz.
09. Evite repetir a mesma palavra, pois essa palavra vai ficar uma palavra repetitiva. A repetição da palavra vai fazer com que a palavra repetida desqualifique o texto onde a palavra se encontra repetida.
10. Evite frases exageradamente longas, pois estas dificultam a compreensão da idéia nelas contida e, por conterem mais que uma idéia central, o que nem sempre torna o seu conteúdo acessível, forçam, desta forma, o pobre leitor a separá-la nos seus diversos componentes de forma a torná-las compreensíveis, o que não deveria ser, afinal de contas, parte do processo da leitura, hábito que devemos estimular através do uso de frases mais curtas.
11. Estrangeirismos estão out; palavras de origem portuguesa estão in.
12. Evite o emprego de gíria, mesmo que pareça nice, sacou??…Então valeu!
13. Não esqueça que o texto deve conter início, meio e fim.
14. Exagerar é cem milhões de vezes pior do que a moderação.
15. Frases incompletas podem causar
16. Frases com apenas uma palavra? Jamais!
17. Não abuse das citações. Como costuma dizer um amigo meu: “Quem cita os outros não tem idéias próprias”.
18. Não abuse das exclamações! Nunca!!! O seu texto fica horrível!!!!!
19. Nunca generalize: generalizar é um erro em todas as situações.
20. não esqueça as maiúsculas no inicio das frases.
21. Não seja redundante, não é preciso dizer a mesma coisa de formas diferentes; isto é, basta mencionar cada argumento uma só vez, ou por outras palavras, não repita a mesma idéia várias vezes.
22. Não fique escrevendo (nem falando) no gerúndio. Você vai estar deixando seu texto pobre e estar causando ambigüidade, com certeza você vai estar deixando o conteúdo esquisito, vai estar ficando com a sensação de que as coisas ainda estão acontecendo. E como você vai estar lendo este texto, tenho certeza que você vai estar prestando atenção e vai estar repassando aos seus amigos, que vão estar entendendo e vão estar pensando em não estar falando desta maneira irritante.
23. O uso de parêntesis (mesmo quando for relevante) é desnecessário.
24. Outra barbaridade que tu deves evitar tchê, é usar muitas expressões que acabem por denunciar a região onde tu moras! ..Nada de mandar esse trem…vixi..entendeu bichinho?
25. Palavras de baixo calão, porra, podem transformar o seu texto numa merda.
26. Quem precisa de perguntas retóricas?
27. Seja mais ou menos específico.
28. Seja incisivo e coerente, ou não.
29. Utilize a pontuação corretamente o ponto e a vírgula, pois a frase poderá ficar sem sentido especialmente será que ninguém mais sabe utilizar o ponto de interrogação
30. Não permita que seu texto acabe por rimar, porque senão ninguém irá agüentar já que é insuportável o mesmo final escutar, o tempo todo sem parar.
Para Relembrar!
Voz verbal é a flexão do verbo que indica se o sujeito pratica, ou recebe, ou pratica e recebe a ação verbal.
Voz Ativa: quando o sujeito é agente, ou seja, pratica a ação verbal ou participa ativamente de um fato.
Ex. As meninas exigiram a presença da diretora.
A torcida aplaudiu os jogadores. Voz Passiva: quando o sujeito é paciente, ou seja, sofre a ação verbal.
Ex. Aplaudiram os jogadores
Compram-se roupas usadas. Analogia: É uma relação de equivalência, comparação. Aliteração: É uma figura de linguagem que consiste em repetir consoantes, vogais ou sílabas num verso ou numa frase, especialmente as sílabas tônicas. Retórica: É a técnica (ou a arte, como preferem alguns) de convencer o interlocutor através da oratória, ou outros meios de comunicação. Redundante: Significa dizer a mesma coisa mais de uma vez. Geralmente a redundância prejudica um texto. Mas há situações em que ela é justificável e necessária, como em um texto didático em que o autor repete de propósito conceitos ou os redige em outras palavras, usando a repetição como um recurso para acentuar pontos importantes do assunto.
“Estes textos
foram publicados no livro do Colégio Estadual Jalles Machado : “Como as nuvens de
algodão, as lembranças vêm e vão” -
Memórias vivas de quem viu Goianésia nascer”, em
homenagem aos pioneiros da cidade e
Goianésia - Goiás. Fruto das oficinas oferecidas pela Olimpíada de Língua Portuguesa – Escrevendo o
futuro - 2008 - Gênero Memórias.
As lavadeiras do Córrego Sabiá
_ Óia o bicho!
_ Aonde?
aonde?
Negra Velha sempre acreditava e não tinha quem não
ria. Mas também, coitada, nem se prevenia, no meio de suas pernas roupa de
baixo não existia, e com o seu reflexo na água, não tinha quem não percebia.
Essa vida de ir ao Córrego Sabiá era cansativa,
mulher de cá e mulher de lá, esfrega daqui e dacolá. “Quará” uma roupa ali e
outra no canto de cá. Mas na hora de almoçar, Dalva tinha que roubar o que
tinha de mais gostoso no prato de Maria só para vê – la furiosa.
Enfrentado um caminho difícil antes de tudo,
papai era um lutador, mas a seca foi maior que sua luta e já não tinha mais sua
Fazenda Veneza no interior do Piauí.
Nossa maior alegria foi a compra de nossa
humilde casa, onde felicidade nunca faltou. E então, nos adaptamos, finalmente
por aqui, Rua Vila Nova onde quatro casas eram o que existiam, nesse interior
que quase ninguém conhecia.
O melhor mesmo, para nós que já estávamos
mocinhas, eram as missas de domingo.
Quando terminava ficávamos de olho no cimentado e na barraca de palha.
Era uma festança só! Música no autofalante para a namorada vai e vem entre
moças e rapazes. A energia da cidade era só até dez horas, quando não vinha o
trator para fornecer luz às barraquinhas e assim, aumentar o tempo da festa.
Que tempo bom!
Infelizmente, logo tínhamos que ir embora, não
era gosto de papai e mamãe que demorássemos, pois ficavam muito bravos. E além do mais, não nos deixavam namorar.
Mas quem disse que importávamos com isso? Não mesmo. Escondido era o único
jeito.
Coitado de papai! Quantas vezes não tínhamos nem o que comer, pois era
suas idas às fazendas em busca de compradores para suas joias que ele ganhava o
sustento para nossa família.
Hoje, ficaram apenas lembranças: das brincadeiras de infância, dos
momentos alegres nas águas claras do Córrego Sabiá (atualmente chamado de
Córrego Portal) onde lavávamos roupas para alguns dos moradores da cidade. Além
de tudo, um ponto de encontro, tantas mulheres e vários tipos de assuntos. Ali
se sabia de tudo: quem casou com quem, quem fugiu para casar, se havia morrido
alguém ou se o filho de alguém tinha nascido...
E assim, o tempo passava de modo tranquilo e a luta do dia a dia ficava
mais prazerosa.
Se temos mais a dizer?
Quantas histórias ainda podemos
contar, mas como são tantas, para isso um livro teríamos que editar.
Mas não fique curioso ou acanhado (a), na Rua
27 número 406 ainda há muito que se dizer. Somos três Marias: Maria Devani Caetano, Xanxa Maria de Jesus e Adália Maria de Carvalho, vindas do nordeste,
mas adotadas por esta terra, Goianésia, onde criamos raízes há 48 anos.
(Baseado na história destas três Marias,
mulheres de fibra que construíram sua história às margens do Córrego Sabiá, atualmente
separa o centro da cidade com o Setor Universitário e Jardim Pôr do Sol.)
Autora: Marília Ferreira Carneiro
De salto alto e vestido rodado também fiz
parte desta história
Como me lembro
daquele dia. Um marco em minha vida. E já faz 53 anos da minha chegada aqui em Goianésia. Quanto
tempo se passou e parece que foi ontem!
Uma cidadezinha
simples com poucas casas, humildes... As ruas com valas que cabiam homens de
pé. Aquele córrego tão cheio, nem ponte
ainda havia.
Hum... Lembro-me de como era bom sentar
na porta de casa, conversar com os vizinhos até mais tarde, ir para as festas
da igrejinha lá na pracinha do centro, à escolha da garota mais bonita da
barraquinha, os bailes e as folias.
Como esquecer o
“vai e vem” – os namorados, grupos de amigos içavam pra lá e pra cá em frente a
um auto falante, ouvindo música. Esse auto falante era de Florisvaldo Europeu.
Casei-me dois
anos após ter chegado aqui, na igrejinha da pracinha, com Jorge Andrade
Martins. Fui muito feliz, com ele tive meus cinco filhos, Hideraldo, Maria
Alis, Flávio, Múcio e o Jorge Jr. Mas infelizmente, o destino nos prega peças
irreparáveis, meu grande amor foi assassinado em frente minha casa.
Lembro-me com
saudade de nosso tempo de namoro, nós éramos vigiados em casa e quando saíamos, papai e mamãe iam
juntos. Eu, sempre bem arrumada...
Minhas roupas todas engomadas por mamãe para que ficassem armadinhas.
Lembro-me dos vestidos que usava, todos rodados e eu, sempre no salto.
Quantas
lembranças... O primeiro grupo escolar chamado Ramos Jubé, localizado no Bairro
Santa Luzia, perto da Feira Coberta Mário Silva. Ele foi criado em 1950, porém
a maioria das moças iam para Pirenópolis estudar. O mais interessante é que
eram levadas de jipe.
Lembro-me de
seu Noraldino e seu Guilherme,
ambos farmacêuticos, pois eram eles que
cuidavam das pessoas doentes da cidade, mas quando havia soluções para
os problemas mais graves, os pacientes eram encaminhados para a cidade de Jaraguá
ou para capital Goiânia.
Referindo-me à
Goiânia, recordo também das “jardineiras” que faziam o transporte daqui pra lá.
Elas saiam pelas seis horas da manhã e chegavam a Goiânia por volta de dezoito
horas. Eram quase doze horas de viagem. Muito tempo, comparado aos dias atuais.
Afinal soma-se mais ou menos 180 quilômetros o trajeto de Goianésia até a
capital. Como os tempos mudaram!
Era uma época
boa de se viver, a cidade tinha um
cheiro diferente, todos andavam de bicicleta, a pé ou de carroça; não era como
hoje que o povo vive dentro de carros, aumentando cada vez mais a poluição e o
sedentarismo.
Papai foi dono
de um hotel chamado São José, que ficava em frente o atual
Banco Itaú. Ele também possuiu um
bar e juntamente com mamãe comandou a “Casa de Tecidos Goialina”. Lembro –
me também de muitos outros
estabelecimentos, como tinha a “Casa de
Tecido Piauí”, do Zé Carvalho, um bar de sinuca do seu Américo, a pensão do seu
Guido e um bar onde vendiam-se passagens, que era de seu Geraldo.
Goianésia, cidade que me marcou, onde
vivi grandes momentos de minha vida. Tenho muito orgulho dessa terra; terra de
gente bonita.
Ter visto
Goianésia crescer, dado os primeiros passos evolutivos me traz felicidade.
Hoje, com meus 68 anos, quero que meus netos, vivam também nessa cidade. Quando
olho para trás vejo um passado de glórias, meus olhos se enchem de lágrimas,
por ter feito parte dessa história condecorada.
(Este texto foi baseado no depoimento da empresária
D. Marlene Santana Martins, proprietária do Príncipe Hotel)
Autor: Alexandre de Paula Sampaio
Da sombra do
baruzeiro à construção de um sonho
Assim como em uma novela, a vida
vai seguindo o seu roteiro, assim também ela tem seus autores e atores e,
dividida em capítulos, apresentam cenas de felicidade, de sofrimentos e de
vitórias... Que nos restauram a cada dia. No final de cada capítulo, um novo
dia recomeça e ficamos na expectativa do
que está por vir. Com a vida de todos é assim, a minha não poderia ser
diferente.
Nasci no dia 31 de janeiro de 1921, a
partir daí comecei a escrever minha novela.
Logo no início, com apenas dois anos de idade, foi gravado o
primeiro capítulo de perda que retrava a morte do meu pai. Perdi o colo paterno
antes mesmo de ter tido total conhecimento sobre ele, perder um homem que, com
sua dignidade, ia aos poucos me revelando Deus.
Foi morar com meu avô em uma fazenda,
região que aos poucos foi construída a belíssima cidade de Goianésia. A partir
dessa época, tive a prova concreta de que a vida não foi nada fácil.
As brincadeiras de infância? Muito
diferentes das de hoje, pois não sei se poderíamos chamá-las de brincadeira:
montar em um cavalo e ir olhar gado no pasto. Eh! Sei que hoje, isso é trabalho
pra vaqueiro contratado e não apenas uma simples diversão de menino! Mas me
sentia na obrigação de ajudar meu avô na lida de todo dia. Uma das cenas que
mais me faziam bem era quando chegava o cair da tarde e eu podia relaxar
contemplando os últimos raios do sol, vendo as nuvens brincar de mudar de cor
no céu.
Com doze anos fui para escola, cursei
só até o quarto ano. O ensino não era muito qualificado devido à falta de
recursos, mas amadureceu minha dignidade e me trouxe ensinamentos da vida,
realçando o homem que crescia dentro de mim. A figura da palmatória me fez
conhecer o valor do respeito, nunca vi a mesma sendo usada, mas vi faces de desobediência
sendo transformadas em formas de educação ao deparar com ela. Repressora? Com
certeza. Mas era assim a forma daquela época de se impor respeito. Coisa que
muito aluno não tem por seu professor, nos dias de hoje. O que é lamentável!
E assim, minha vida ia seguindo seu
curso... Lembro-me do pequeno vilarejo que foi batizado com o nome de
Goianésia, tudo era meio pacato comparando ao que se transformou hoje. Os
comércios mais freqüentados eram os tradicionais botecos. O tempo passava em
câmera lenta, todos eram amigos de todos, todos ajudavam como podiam. Lembro-me
também que, naquele tempo, não havia hospitais, tudo era muito precário e as
conduções era um recurso que poucos podiam desfrutar. Mas como eu tinha um jipe
novo, que sempre conservei, eu podia levar as pessoas que estavam precisando de
atendimento médico mais serio para as cidades mais desenvolvidas ao redor de
Goianésia. E assim, acredito que ajudei a muitos.
Sempre que toco nesse assunto, me
recordo de um grande amigo, que atendia os pacientes que levava com muito
carinho e responsabilidade: o doutor Domingos, que já é falecido. Perdi a conta
de quantas noites passei na estrada levando ou trazendo pessoas doentes ou que
precisavam de notícias.
Era carteiro e motorista daquela
gente. Nunca senti, de forma alguma, no direito de queixar, pois quando eu me
sentia útil, me restaurava a alma e assim era feliz.
Quando fecho os olhos à imagem que
predomina nos meus pensamentos é de uma árvore, estranho né? Mais estou falando
do baruzeiro, no centro da Praça Matriz. Quantas lembranças e reflexões que
aquele baruzeiro me traz! Ele sempre esteve ali, no centro de tudo, como um
ponto inicial, como num meio de um sonho que estava para ser construído e
encabeçado por meu amigo Laurentino Martins e realizado por pessoas de garra,
pessoas que não só sonharam, mas que fizeram mais do que seus sonhos podiam
proporcionar.
Vi Goianésia nascer, passar por
dificuldades, vencer barreiras, crescer, evoluir e se tornar essa bela cidade:
acolhedora e de gente forte, que trabalha para seu bem estar.
E assim foi a história principal da
minha novela, trabalhei muito, mais sempre com honestidade, casei e tive oito
filhos, aliás, oito bênçãos de Deus, que me deram mais do que orgulho, me
ofereceram força para viver. A fé, a coragem e a honestidade foram sementes que
sempre plantei no coração de cada um deles. Hoje, todos são bem sucedidos,
todos realizaram sonhos, mais nunca deixando de sonhar.
Agora, posso dizer sem medo de errar,
que sou um homem realizado, pois nunca esperei a vida perfeita, mas sempre
lutei para aperfeiçoar a minha. Agradeço a Deus por oportunidades colocadas no
meu caminho, agradeço também por ter me dado sabedoria suficiente para saber
aproveitar tais oportunidades. E o que acalenta e me deixa ainda mais
satisfeito é saber que minha novela nunca vai ter fim, pois aí está você pra
dar continuidade na novela à vida.
E só saber viver!
(História fundamentada na vida do Sr.
Anísio Mendes da Silva, colaborador na construção de Goianésia – GO.)
Autora: Italliane Martins Gomes
Segunda Guerra Mundial: memórias de um ex-combatente
Nasci embalado pelo
canto dos pássaros, porém tive a infância interrompida aos seis anos pelo
trabalho, mas isso não foi o pior. O destino se encarregou de preparar uma surpresa
desagradável e muito dolorosa. Com apenas 12 anos, meus pais foram levados como
se fossem folhas que caem no outono e, bocadas pelo vento, nunca mais voltaram.
A vida não foi fácil daí
por diante, o que me levou a servir e lutar por minha nação. Com apenas 17 anos, comecei a ver a vida com
outros olhos, só que não sabia que mal ingressando no exército no ano de 1940,
enfrentaria a II Guerra Mundial. Mas segui em frente. O soldado não abandona
sua pátria e sim luta por ela. Fui
recrutado para o Litoral do Cabo Santo Agostinho em Pernambuco, onde fiquei por
um ano e sete meses. Durante esse tempo, passei quarenta dias em alto mar,
tentando impedir que os alemães chegassem ao Brasil. Corríamos riscos, mas
estávamos sempre preparados e em alerta, pois somente nos lembrávamos das
pessoas que havíamos deixado para traz: familiares, amigos... Enfim, nosso povo
brasileiro. Procurava não pensar no
outro dia, a angústia e o medo de cada hora e cada minuto era o que eu e meus
companheiros estávamos vivendo.
Com o final da guerra,
decidi que já era hora de voltar e começar uma nova história de vida.
De volta à Petrolina o
destino me preparou uma grande surpresa, me presenteando com uma pessoa
maravilhosa. Lembro-me até hoje a primeira vez que a vi. Estava linda! A
conheci na Igreja Nossa Senhora d’Abadia e ali começamos a namorar. Como naquela época os casamentos não tinham
namoros demorados, logo nos unimos pelos
laços sagrados do matrimônio. Por influência do meu sogro vim parar em
Goianésia e aqui me tornei um dos primeiros comerciantes.
Assim, minha vida seguiu seu rumo... Como
morador desta cidade, ajudei na construção do Lions Clube, sendo um dos sócios
fundadores. Desde criança, gostava de
futebol, deixei que essa paixão falasse mais alto a ponto de me tornar um
membro importante no Goianésia Esporte Clube.
Como naquela época o
homem não podia ficar sem trabalho, tive que me virar em vários empregos,
tornei-me Juiz de Paz, realizando vários casamentos. Cada enlace matrimonial que fazia, me vinha
na lembrança o dia do meu casamento, uma
festa maravilhosa!
Também fui gerente do
INSS, ajudei na construção da Igreja da Matriz, e freqüentei muito as festas,
principalmente as barraquinhas da igreja sempre acompanhadas da minha bela
esposa, sempre deslumbrante.
Conheci muito bem
Laurentino Martins _fundador e ex-prefeito desta cidade _ e até recebi proposta
para torna-me político, mas preferi continuar minha vida simples como sempre
foi.
Hoje posso dizer que
passei minha vida em Goianésia sempre procurando ajudar os mais
necessitados. Como forma de retribuir a
todos que me acolheram de braços abertos, nesta querida e estimada cidade,
tomei a iniciativa de edificar o Lar São Vicente de Paulo, que até hoje
continua prestando um relevante serviço à comunidade goianesiense.
Hoje tenho orgulho de
dizer que, como ex- combatente da 2ª Guerra Mundial, trabalhei pela paz e pela
democracia. Posso afirmar que lutei contra os obstáculos, enfrentei desafios,
aprendi com os erros, superei meus limites e, principalmente, descobri que o
importante não é o quanto vivemos e sim o que fazemos quando estamos vivos.
Seja lutando pela paz no mundo, seja fazendo o bem pelo próximo na própria
comunidade.
(Texto baseado na
entrevista com o Sr. Altamiro Araújo Siqueira, ex- combatente da Segunda Guerra
Mundial e fundador do Lar São Vicente de Paulo)
Autora: Taisa Vanessa da Silva
Goianésia: uma história que ajudei a construir
Quando vejo as panelas de ferro, os tachos de cobre, o ferro à brasa e
o rádio antigo me lembro o início da minha vida em Goianésia, cidade que vi
crescer, evoluir... Acompanhei de perto o nascimento desta cidade que amo de
coração, e sei que de alguma forma contribui com a mesma.
Olhar cada esquina, cada rua, cada comércio me traz uma saudade imensa
daqueles tempos onde o progresso começava como um sopro de vida e, ao mesmo
tempo, faz-me orgulhar mais e mais desta grande família que é o povo
goianesiense. Este município que antes era dependente de Jaraguá, hoje é visto
com grande prestígio.
Por isso não me canso de dizer que sou cidadã goianesiense de coração
e que sou apaixonada por Goianésia, lugar para onde vim morar em 1949, na
Fazenda Itajá. Casei-me neste mesmo ano com Otávio... Ah Otávio! Homem que
contribuiu muito para o avanço e desenvolvimento do município.
Quando chegamos aqui, não tínhamos muitos bens e meu sogro sempre nos
ajudava, porém com o tempo, fomos construindo nosso patrimônio _ alicerce para
a economia de Goianésia. Otávio se formou em engenharia e consigo trouxe
inovações e avanços para a agricultura. Eu, sempre cuidei da nossa casa e da
educação de nossos filhos.
Minha vida foi um modo interiorano, pois ficava mais na fazenda. Por
isso, não era com frequencia ir a festividades na cidade, mas quando ia... Como
era gostoso estar com os amigos! Lembro-me que as vestimentas eram discretas e
menos sensuais.
Casamento da família, Natal e Ano Bom (Ano Novo) eram datas de grande
valor. Que alegria era ver a família toda reunida!
Muitas coisas mudaram do começo para agora. Era até engraçado, demorava duas a três horas
para completar a ligação telefônica, as escolas eram precárias, as ruas nem
eram cascalhadas, a energia era fraquinha...
O
progresso chegou. Foi emocionante! Vieram às ligações interurbanas e
internacionais, escolas de qualidade e energia mais eficaz. Lembro-me da
primeira que tive a oportunidade de me beneficiar com aquela tecnologia que era
utilizada apenas por uma minoria: falei com meu filho “Otavinho” que estava nos
Estados Unidos. Foi comovente, pois Goianésia estava no auge do
desenvolvimento.
O que era rotina agora é saudade...
Ver Goianésia nascer, evoluir e
desenvolver foi uma grande satisfação e orgulho. Afinal, faço parte desta
história que ajudei a construir.
(História baseada na vida de Marilda Fontoura de Siqueira – 82 anos
nascida no município de Conquista (Triangulo Mineiro) em 1927, grande
contribuidora no desenvolvimento da cidade de Goianésia – GO)
Argumentar é, pois, expressar uma convicção, um ponto de vista, que é desenvolvido e explicado de forma a persuadir o ouvinte/leitor. Para isso, é necessário que apresentemos um raciocínio coerente e convincente, baseado na verdade, e que influencie o outro, levando-o a pensar/agir em conformidade com os nossos objetivos.
Valor da argumentação.
1- Em dupla, vocês deverão refletir o valor que a argumentação pode ter na condução da vida pública de uma comunidade, de uma cidade, de um Estado ou de um país, bem como no cotidiano das pessoas, especialmente em situações que pareçam difíceis, com base no texto abaixo:
Argumentar em situações difíceis
O que é uma “situação difícil”? Em geral é uma situação que se caracteriza pela violência indesejada que carrega. Apesar de inúmeros progressos realizados com relação a essa questão, a violência continua enraizada no cerne de nossas vidas diárias [...]
Diante de uma situação difícil, de uma violência que atravessa nosso caminho, temos apenas três opções à nossa disposição:
• recorrer à violência;
• fugir;
• tomar a palavra, tentar argumentar a fim de defender nossas posições e, ao mesmo tempo, pacificar a situação.
(Philippe Breton. Argumentar em situações difíceis. Barueri: Manole, 2005.)
2- Agora, vocês deverão chegar a uma conclusão e fazer uma exposição oral, seguida de discussão coletiva, a cerca dos resultados. Apontando os pontos comuns e divergentes.
3- Com a palavra no papel
Produza uma matéria assinada, destinada ao jornal mural, que deverá abordar a violência relacionada à intolerância e preconceito envolvidos nas agressões. “O que justifica uma atitude hostil contra gagos, negros, mulheres, obesos, portadores de qualquer deficiência...?”; “Como essas agressões ocorrem?”; “Podemos/ devemos conviver com este tipo de comportamento?”; entre outros.
Opinar a respeito das notícias que foram publicadas no jornal mural, apontando alguma forma de opor-se às hostilidades e combatê-las no ambiente escolar, por exemplo: “identificação dos conflitos presentes na escola e promoção dos debates a esse respeito”; Discussões regulares sobre os preconceitos mais comuns” etc.
Fonte:
Retirado do Caderno de Atividades da Olimpíada de Língua Portuguesa- Escrevendo
o Futuro e adaptado para trabalho em sala de aula.
No nosso quotidiano usamos
constantemente a linguagem: das conversas entre amigos às intervenções nas
aulas, das pequenas mensagens SMS aos trabalhos escolares, a língua é o
instrumento permanentemente usado. E se é verdade que a maior parte desses atos
de comunicação tem um caráter informativo, não é menos verdade que um bom
número deles tem um caráter argumentativo. Quando queremos defender um ponto de
vista, quando apresentamos a nossa opinião, quando propomos uma solução para um
problema ou quando queremos convencer os outros a aceder a um pedido nosso,
temos que argumentar. Na verdade, pensando bem, argumentamos muito e muito
frequentemente. Por vezes enfrentamos a oposição dos outros e então temos que
argumentar ainda melhor para os convencer. E argumentar bem é um ato de
inteligência que, para ser eficaz, tem as suas regras.
O que é argumentar?
Argumentar é, pois, expressar uma convicção,
um ponto de vista, que é desenvolvido e explicado de forma a persuadir o
ouvinte/leitor. Para isso, é necessário que apresentemos um raciocínio coerente
e convincente, baseado na verdade, e que influencie o outro, levando-o a
pensar/agir em conformidade com os nossos objetivos.
Argumentar é o mesmo que persuadir?
Argumentar é persuadir racionalmente,
mas nem toda a persuasão é racional. Há a persuasão emocional, muito usada, por
exemplo, em publicidade. (Quando um anúncio publicitário nos convence a comprar
um determinado produto, não pelas qualidades desse produto que responde a
necessidades nossas, mas porque, ao associar essa marca a um determinado padrão
de vida, nos leva a crer que adquirindo aquele artigo passaremos a usufruir
desse padrão de vida). A diferença entre a persuasão racional e a emocional reside
no fato de, na primeira, se fazer apelo à razão, enquanto na segunda, se apelar
a desejos, sentimentos, medos, emoções, frustrações.
O que é um texto argumentativo?
O texto argumentativo é, então, o que
visa convencer, persuadir ou influenciar o ouvinte/leitor, ao qual se apresenta
um ponto de vista - uma tese - cuja veracidade se demonstra e prova. Como?
Começando por apresentar a tese, a partir da qual se desenvolve o raciocínio, a
argumentação, constituída por um conjunto de argumentos logicamente encadeados,
sustentados em provas e, normalmente, ilustrados e credibilizados por exemplos.
E o que é um argumento? Argumento é uma quantidade de informação ou de dados
organizados – as premissas – que sustentam o ponto de vista e conduzem à
conclusão da veracidade da tese que se pretende defender.
Quando temos que construir um texto
argumentativo?
Na vida escolar, na vida profissional,
e no exercício da nossa cidadania, precisamos, com frequência, de elaborar
textos argumentativos. A dissertação, o comentário, a exposição
escrita, mas também um simples artigo de opinião ou uma crítica
de cinema ou de música exigem a elaboração de um texto argumentativo bem
estruturado, segundo um esquema lógico. Do mesmo modo, a intervenção num debate
ou numa reunião, uma campanha para a associação de estudantes,
um discurso político ou uma alegação judicial obrigam a uma
construção argumentativa muito cuidada.
Como
se constrói um texto argumentativo?
I - Estrutura do texto / Progressão
temática
1. Introdução: Parágrafo inicial no qual se
apresenta a proposição (tese, opinião, declaração). Deve ser apresentada de
modo afirmativo, claro e bem definido, sem referir ainda quaisquer razões ou
provas.
2. Desenvolvimento: Análise/explicitação da
proposição apresentada; apresentação dos argumentos que provam a verdade da
proposição: fatos, exemplos, citações, testemunhos, dados estatísticos.
.
Conclusão: Parágrafo final, no qual se conclui
com uma síntese da demonstração feita no desenvolvimento.
II - Escolha e ordenação dos
argumentos
Para uma correta construção
argumentativa, é fundamental a escolha dos argumentos que suportam a
demonstração da verdade da tese. Eles devem ser pertinentes e coerentes
apresentados, de forma lógica e articulados. Assim deve-se:
• encontrar os argumentos adequados;
• recorrer, sempre que possível e desejável, à
exemplificação, à citação, à analogia, às relações
causa-efeito;
• organizar os argumentos por ordem crescente de
importância, do menos para o mais importante.
III - Adequação do texto ao objetivo e
ao destinatário
A construção de um texto argumentativo
deve ter em conta a sua finalidade e também o leitor/ouvinte ao qual se destina
(para informar, convencer, emocionar). Deve, pois:
• usar um registo adequado à situação e ao destinatário;
• utilizar referências de conteúdo que o destinatário
possui, de forma a que este o possa interpretar corretamente.
IV - Articulação e progressão do
discurso
O texto deve apresentar-se como um
todo coeso e articulado, através do estabelecimento de uma rede de relações
lógicas entre as palavras, as frases, os períodos e os parágrafos que o
constituem. Deve, além disso, recorrer a processos de substituição, usando
palavras ou expressões no lugar de outras usadas anteriormente. Deve igualmente
corresponder à construção de um raciocínio que se vai desenvolvendo
gradualmente. Estas características são conseguidas através da correta
utilização e combinação dos elementos linguísticos do texto:
• correta estruturação e ordenação das frases;
• uso correto dos conectores do discurso;
• respeito pelas regras de concordância;
• uso adequado dos pronomes que evitam as repetições do
nome;
• utilização de um vocabulário variado, com recurso a sinônimos,
antônimos, hiperônimos e
hipônimos.
A progressão e articulação do texto é
conseguida sobretudo através do uso de conectores ou articuladores do discurso
que vão fazendo progredir o texto de uma forma coerente e articulada.
Conectores do discurso
Vimos que, para cumprir o seu objetivo
- persuadir - o texto argumentativo deve apresentar-se como uma construção
lógica, na qual o raciocínio é apresentado de forma progressiva e articulada.
Para isso, é fundamental uma boa utilização dos articuladores ou conectores do
discurso - advérbios, locuções
adverbiais, conjunções, locuções
conjuncionais e mesmo
orações completas. Alguns desses
articuladores, utilizados em qualquer tipo de texto, são
recorrentes no texto argumentativo.
Articuladores Argumentativos
para reiterar,reafirmar: retomando
a questão, penso que, a meu ver, creio que, estou certo, em nosso entender
para concordar, provar, exprimir certeza: efetivamente,
com efeito, sem dúvida, na verdade, certamente, de certo, com todaa
certeza, evidentemente, é evidente que, obviamente, é óbvio que
para refutar, manifestar oposição, restringir
idéias: no entanto, mas, todavia, contudo,
porém, apesar de em sentido contrário,refutando, peto contrário, ao
contrário por outro lado, com a ressalva de
para exemplificar: por
exemplo, como se pode ver, assim, tome-se como exemplo, é o caso de, é o
que acontece com
para explicitar: significa
isto que, explicitando melhor, não se pretende com isto, quer isto dizer, a saber,
isto é, por outras palavras
para concluir finalmente, enfim, em conclusão, concluindo,
para terminar, em suma, por conseguinte,
por consequência
para estabelecer conexões de tempo: então, após, depois, antes,
anteriormente, em seguida, seguidamente, quando, atéque, a princípio,
por fim
para referenciar espaço: aqui,
ali, lá, acolá, além, naquele lugar, o lugar onde, ao lado de, à esquerda, à
direita, ao centro, no meio, mais adiante
para indicar ordem: em primeiro lugar, primeiramente, em
segundo lugar, seguidamente, em seguida, começando por, antes de mais, por
último, por fim
para estabelecer conexões de causa porque, visto que, dado que, uma vez
que
para estabelecer conexões de
conseqüência: de tal modo que, deforma que, tanto
que, e por isso
para expressar condição, hipótese: se,
a menos que, a não ser que, desde que, supondo que, se por hipótese,admitindo
que, exceto se, se por acaso
para estabelecer conexões de fim: para que, para, com o fim de, afim de
que, com o intuito de
para estabelecer relações aditivas: e, ora, e também, e ainda
para estabelecer relações disjuntivas:
ou, ou então, seja...
seja, quer...quer
para expressar semelhança, comparação:
do mesmo modo, tal
como, pelo mesmo motivo, pela mesma razão, igualmente,assim como