domingo, 10 de abril de 2011

Nuances da nova estação


O que se quer atingir?
A última parada não transpôs o presente
Ficou descuidada, numa estrada sem volta, 
Estagnada na última estação 
Dividida entre o intenso desejo e a fleuma do recomeço 
Ali, ficaram também os desembaraços, empates e motins 
O trem apenas prossegue... 
Rumo ao presente real, maduro e racional 
Ilusão? 
Foi deixada para trás. 
Ficou apenas as nuances de um tempo que se foi 
Obscuro, sem cor ou rancor... 
Serenas memórias perdidas no tempo 
Paradoxo da desilusão 
Sem direito à reconstrução 
A luz opaca, indefinível, no fim do túnel 
Elucida os caminhos do agora 
Tangível e consequente 
Apenas.
 
 
 
Patrícia Nara da Fonsêca Carvalho

E agora Passaredo?

Cidadezinha toda engraçada a de Passaredo, lá até o vento corria para trás. O nome fora dado em homenagem a um grande homem que pertenceu a sua história: Jossá Abrangá de Passaredo, ex-prefeito daquela região. Seu mandato foi até bom, fez ali algumas obras como a famosa igrejinha, a Praça Santa Fé, que ficava de frente para tal igreja e era local para os namoricos de caboclos simples e moças bem prendadas, uma escola e um hospital. E mais nada de grande importância. Mas por, sei lá o que do destino, o homem morreu. Boatos rolavam pela cidade sobre as causas de sua morte. Uns diziam que ele havia engolido espinha de peixe. Outros falavam que ele havia morrido de desgosto mesmo, pois sua mulher fugira com o único padeiro da região. Mas ninguém sabia o verdadeiro motivo.
Mas e agora, quem será o novo prefeito?
_Pode ser o... não, esse não! Muito desonesto. Dizia um senhor numa rodinha de conversa.
_Uai, pode ser o açougueiro Zé. Ele entende um bucadim dessa coisa de administrar. Retrucou uma velhinha toda desdentada.
Coitada, mal sabia ela da importância dessa eleição por indicação direta. O novo prefeito deveria continuar "dando bom andamento" à pacata Passaredo.
E alguns dias se passaram, obras paradas, povo calado e nada. Nada de decidirem quem seria o novo prefeito. Ninguém indicava sequer um nome. Temiam que o novo prefeito não fosse bom o bastante quanto o antigo. Administrar Passaredo não era fácil.
_ Pensando bem, temos que eleger alguém que era de confiança do ex-prefeito. Se era de confiança dele, podemos confiar.
_ É verdade. Mas quem?
Quem? Pouquíssimo se sabia sobre a vida do ex-prefeito e saber alguém que era de confiança dele era pedir demais. Havia deixado poucas coisas, o nome para a cidade, poucos bens materiais e um inseparável jumento.
_ Tá aí, o jumento! Disse um senhor como quem tivera uma grandiosa ideia.
_O que tem o jumento? Indagou um moço, até bem aparentado.
_Pode ser o novo prefeito da cidade!
_Um jumento? Tem certeza?
_Sim, o jumento. Poderemos controlá-lo facilmente. E o controlando, teremos o domínio de Passaredo em mãos.
Estava decidido: o jumento foi unanimente eleito PREFEITO de Passaredo com cerimônia de posse e tudo. Nada de tão surpreendente, pensaram, pois em muitos lugares qualquer um governa mesmo.
Não se assuste o digníssimo prefeito, o jumento fez sim, algumas obras. Dentre elas, destaca-se a criação de pastagens, quem sabe assim o povo de Passaredo passa a viver de comer capim.


por Emanoel Elias da Veiga
Colégio Estadual Jalles Machado- Goianésia - Go
Professora - Patrícia Nara da Fonseca Carvalho
Por: Alexandre Sampaio