Por Profa. Patrícia Nara F.
Carvalho
A carta
pessoal é um gênero discursivo em que o autor do texto se dirige a um
interlocutor específico, com o qual pretende estabelecer uma comunicação à
distância. Diferentemente das mensagens eletrônicas que é um gênero que surgiu
com advento da internet, comunicação escrita muito rápida entre os
interlocutores das redes virtuais. A carta pessoal tem sua essência na
subjetividade, na escrita longa e mais formalizada. Nela, são relatados e
comentados os principais acontecimentos envolvendo os interlocutores durante um
determinado espaço de tempo.
Projeto na escola: Resgatando o valor da Carta Pessoal
Com uma
proposta diferenciada, os alunos do 3º ano do Ensino Médio puderam conhecer uma
nova tipologia textual: a carta pessoal. Nas sequências
didáticas foram enfocados como se caracterizam as cartas pessoais e sua relação com as mensagens eletrônicas, bem
como sua finalidade, semelhanças e diferenças entre os gêneros. Sua estrutura,
linguagem e contexto de circulação. O que se diferencia dos outros gêneros
narrativos, como os relatos, memórias, notícias etc. A proposta foi bem aceita
pelo grupo de alunos, o que gerou um trabalho prazeroso e bem original, nas
aulas de produção de textual.
Foram
levados para sala modelos de cartas de amor, originais, datadas da década de 40.
Foi entregue uma cópia para cada aluno onde puderam observar a estrutura, a
linguagem, o tipo de composição, contexto de circulação... Foi feita
interpretação oral e escrita, o uso dos pronomes pessoais neste tipo de
discurso, as diferenças com as mensagens eletrônicas (e-mails) etc. Na próxima
aula, foi solicitado que trouxessem cartas antigas de parentes e amigos (com
devida autorização). De início, houve resistência por parte de alguns alunos,
tendo em vista a dificuldade para encontrá-las, a final a maioria acabou
trazendo. As cartas foram expostas e
lidas. Trabalhou-se especificamente, neste dia, o tipo de linguagem, sua
estrutura e a importância de resgatar o valor para atualidade essa tipologia
textual, já esquecida nos tempos modernos.
O momento de partilha das leituras das cartas foi o mais significativo.
Houve quem riu e quem chorou, ao ouvir tantos relatos comoventes, engraçados,
românticos... Os alunos ficaram
impressionados com o linguajar culto, presentes em praticamente todas as
cartas. O que levou a uma reflexão acerca da linguagem formal, tão ignorado
pelos jovens de hoje. Foi explicado também que a carta pessoal é um gênero de
circulação de natureza privada, em oposição a outros gêneros de circulação.
Alguams
carta ue levadas par asal
O trabalho culminou
na proposta de uma produção de uma carta que os alunos deveriam escrever para
parente e amigos.
Houve quem
escrevesse carta até na língua inglesa:
Depoimentos de alguns alunos com relação ao projeto:
O aluno Gustavo Freitas, relatou assim a cerca de experiência:
“Gostei (e acho que todos nós alunos
gostamos) da iniciativa da Profª. Patrícia em nos
apresentar o gênero ‘Cartas’... O trabalho realizado em sala de aula foi
excelente, principalmente quando discutimos a importância que a carta tem e,
principalmente, a importante função que ela exerceu nas gerações passadas,
quando os meios de comunicação não eram ‘evoluídos’ como hoje. Foi realizada
uma apresentação interessante e muito inteligente, onde os alunos deviam
conseguir cartas que fizeram parte do passado de alguém. Nós, alunos,
apresentamos cartas muito legais, observando tudo que as Cartas escritas há
décadas atrás. Pudemos perceber que as cartas eram muito bem elaboradas e que
havia muito ‘sentimento’ nos relatos apresentados nela. Além disso, acho que
será inesquecível o fato de termos descoberto o quanto a carta foi importante
um dia...”
“Mas, o melhor de tudo foi às cartas enviadas
e recebidas de amigos ou parentes que moram longe. Pois foi um ótimo incentivo
a escrita, fazendo o aluno deixar um pouco o computador para treinar sua
redação e ter melhor capacidade de redigir textos, etc... João Eugênio
“O
trabalho com a produção de cartas, pouco usadas por nós jovens, resgatou um
mundo desconhecido por nós jovens, com linguagem sem gírias, abreviações,
tesouros que muitos nunca teriam a
oportunidade de conhecer . Cartas que muitas vezes falavam de amor, corações
apaixonados, mensagens de urgência que quando chegada ao seu destino eram tarde
demais. Cartas e cartas foram lidas, cada uma com seu jeito, mas toda a
expressão o verdadeiro português que hoje não se usa mais.” ( Turricelli Rezende Turrioni)
Para
aluna Isabela Brito:
“As aulas de produção de texto
estão cada vez mais interessantes. Os temas que são propostos vão melhorando
gradativamente. Mas o que mais gostei foi sobre Cartas, porque além de chamar
muita a minha atenção, mexeu com toda a sala. Eu não consigo entender porque as
cartas foram jogadas ao mar do esquecimento, pelo fato de ser algo tão
empolgante!”
Já
para aluna Taísa Vanessa
“Hoje em
dia ninguém escreve mais cartas, apenas teclam! Um hábito que era tão comum
antes do advento do computador, ficou no passado, virou histórias de nossos
pais e avós. As cartas possuem grande valor emocional, pois são escritas em
momentos extremos da vida de cada um, que permitem retratar situações únicas.
A aula da professora Patrícia nos permitiu ver as cartas de outra maneira, na qual o ato de escrever é uma arte, e como tal deverá ser estimulada e preservada, jamais renegada ao esquecimento, além de ter muito valor, sejam emotivos ou práticos, e nos ajuda a pensar duas vezes antes de enviar para quem amamos, pois exercitam nossa escrita de maneira mais formal.”
A aula da professora Patrícia nos permitiu ver as cartas de outra maneira, na qual o ato de escrever é uma arte, e como tal deverá ser estimulada e preservada, jamais renegada ao esquecimento, além de ter muito valor, sejam emotivos ou práticos, e nos ajuda a pensar duas vezes antes de enviar para quem amamos, pois exercitam nossa escrita de maneira mais formal.”
“Na sociedade
contemporânea o que era pra ser considerado um ato romântico ou educado vem
sendo julgado como tolice ou bobagem, atrofiando assim, a mente do ser humano.
E não é de se espantar o crescente número de mulheres que se interessam por
homens cada vez mais velhos.
Aliás,
é muito mais prático gastar trinta segundos teclando seu amor, do que expressar
com a caneta tudo que o coração pode sentir...”
Referência
Bibliográfica:
Abaurre, Maria Luiza e
Abaurre Maria Bernadete. Produção de texto: interlocução e gêneros. São Paulo –
Moderna, 2007
muito bom, gostei muito,pois deu informaçoes para mim
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